Este blog está relacionado aos diversos projetos centrados na diversidade e pluralidade étnico-racial que desenvolvemos, sempre de forma coletiva e colaborativa, nas instituições educacionais e educativas onde atuamos como EDUCADOR, seja como professor, coordenador de núcleo educacional, assistente de diretor de escola ou diretor de escola.

Pois, consideramos de extrema importância, desde o início e durante todo o processo educacional, a proposição acerca da questão da IDENTIDADE, pois penso que o país e a sociedade, como um todo, só tem a ganhar com pessoas conscientes e bem resolvidas nesse contexto.

Acredito que esta FERRAMENTA, com os seus conteúdos e informações (textos, imagens, atividades entre outros), nos possibilitará acessar informações relativas ao que há de africano no Brasil, assim como referente ao continente africano, tão vasto e múltiplo, que pouco conhecemos aqui no Brasil.

Nos possibilitará também, valorizarmos a diversidade étnico-cultural, étnico-racial, a partir do debate, reflexão e estímulo a valores e comportamentos éticos como o amor, a amizade, o respeito, a solidariedade e a justiça, de forma que a todo o momento possamos nos posicionar contra qualquer forma de intolerância, e especificamente nos colocando contra todo o tipo de discriminação racial e a favor de práticas antirracistas.

27 dezembro 2012

AXÉ DO 20 DE NOVEMBRO



Na década de 70, o grupo Palmares, de Porto Alegre, resgata a história do quilombo incrustado na Serra da Barriga. Zumbi nessa época sobrevivia no imaginário coletivo da população afro-brasileira, especialmente por causa do trabalho das entidades que sempre pontuaram a história do povo negro neste país.
De lá para cá, muita água rolou debaixo da ponte. Zumbi tornou-se herói nacional, uma política de ação afirmativa vem sendo posta em prática, com resultados como as cotas; mas, sobretudo, vem sendo feito um esforço gigantesco no sentido de afirmar a cidadania. Há muita produção artística e cultural afro nas áreas musical, literária, de dança, no artesanato etc. Há um sentimento de resgate e valorização estética expresso em roupas, cabelos, atitudes...
Mas um dos aspectos que sempre esteve presente na fala do poeta Oliveira Silveira, do grupo Palmares, é o aspecto coletivo da luta palmarina, isto é, a necessidade de que as conquistas nessa luta privilegiem o todo, com base no fato de que a discriminação não se faz apenas contra cada indivíduo isoladamente, mas contra todo um povo. Zumbi, um indivíduo, encarna essa carência da imagem de um herói, mas heróis somos todos nós sobreviventes do dia-a-dia, e que temos de estar alertas, sem esquecer nosso patrimônio comum, os elos que nos irmanam. Precisamos nos fortalecer socioeconomicamente.
Que as gerações de agora e do futuro possam beber desse axé do 20 de novembro.

Fonte: Quilombhoje informa

30 novembro 2012

NEGRO

Se você não reagir você será morto
morto socialmente
culturalmente
economicamente
psicologicamente
moralmente
precocemente
morto antes de nascer
ainda no ventre materno
será morto
sem trabalho
sem escola
sem ter onde morar
não terá direitos
nem saúde
estará sempre acompanhado
da praga da embriaguez
da prostituição empurrado para o crime
você será morto
nas prisões, nas ruas,
no campo, nas cidades
por fome
por uma bala da polícia
morto sem história
com a angústia de não ter lutado
sua dignidade
estraçalhada

BARBOSA, Mílton. In: CARDOSO, Marcos Antônio. O movimento negro em Belo Horizonte 1979-1998. Belo Horizonte: Maza, 2002. p.39-40.

19 novembro 2012

1º DIA DA CONSCIÊNCIA BRASILEIRÁFRICA

QUEM SOMOS? O QUE QUEREMOS? PARA ONDE VAMOS?

“Somos isto mesmo: a contradição. A ferida aberta, os atores limitados. Diante da força das coisas e das coisas da força, vamos muito lentamente. Tão lentos que parece o mesmo lugar. Mas não estamos no mesmo lugar. Na verdade, se organizar para lutar já é uma vitória. Firmar-se para manter o espaço conquistado, uma necessidade estratégica. Não caminhar em direção ao colapso e à destruição precoce, uma sabedoria...”. (Flavio Koutzii, deputado estadual “Carta aos Petistas” 2003). Quem somos? O texto acima é dirigido a um público específico e trata de um assunto específico, não é direcionado a nós. Mas podemos utilizá-lo para reflexão, pela sua abrangência e riqueza, que com certeza, mostra a complexidade de nossa condição psicossocial. Por sermos humanos, imperfeitos e confusos perante a dialética existencial, exatamente como o grupo a que ele se refere nos identificamos com este texto. Pois também somos a contradição, a ferida aberta e, (eu diria) extremamente limitados. Porém, como afro-brasileiros, como negros e negras somos também (e jamais podemos esquecer), um povo guerreiro, que tem no sangue e na história, a necessidade da luta para não sermos banidos enquanto grupo étnico, tampouco reduzidos a meio-cidadãos, ou meio-cidadãs. Seja ela armada (como houvera no Haiti, com Toussaint L’Ouverture), ou pacífica (como ocorreu, nos EUA, com Martin Luther King Jr.), a luta sempre foi nossa companheira, pois tínhamos a missão de mostrar que a cor da nossa pele não reservava um lugar subalterno, inferior ou submisso. Era (e é) necessário provar que nosso sangue, não era (e não é) sinônimo de ignorância, como diziam os pseudo-cientistas de plantão, e que nossa religião não era satânica, como esbravejava a igreja, pelos quatro quantos do planeta. No campo das ciências, a luta política tinha a tarefa de desmascarar as teorias ideologicamente e estrategicamente racistas, como por exemplo, as teorias de Paul Broca, e do médico brasileiro, Raimundo Nina Rodrigues. Para ambos, traços morfológicos tais como prognatismo, a cor da pele escura, o cabelo crespo, estariam associados à inferioridade, e à criminalidade. (Munanga 2001). Mas a luta, sempre a luta. Em todos os campos: religiosos, sociais, amorosos, científicos, retóricos, enfim, a luta, como única arma para resistirmos à domesticação cultural imposta, pela ditadura colonialista. Domesticação de nossos corpos, de nossas mentes, de nossas almas, de nossos “eus”, de nossos “nós”. Quem somos? Somos filhos e filhas de Zumbi, de Ganga Zumba, de Nelson Mandela, de Malcon X, de Tereza do Quariterê (rainha do quilombo de Quariterê), de Luiza Mahin (líder da Revolta dos Malês). Somos herdeiros e herdeiras da força e da esperteza, de Chica da Silva, da intelectualidade e competência de Milton Santos, da sabedoria e coragem da rainha Nizinga, da resistência e liderança de Steve Biko, da determinação e bravura dos “Lanceiros Negros”, da ousadia e fibra de João Cândido. Quem somos? Somos a inconformidade, perante todos os tipos de injustiça e opressão. Somos a Resistência. Somos a Consciência Negra. Somos os intelectuais, os operários, as empresárias, as professoras, lutando com todas as nossas forças e imperfeições, para consolidarmos a liberdade e equidade social de fato. Somos filhos e filhas da luta... da luta pela dignidade. O que queremos? Segundo Hegel: “(...) o homem é fundamentalmente diferente dos animais em seu desejo, não somente de objetos reais, mas também de objetos não-matérias, e acima de tudo, ele deseja o desejo de outros homens, isto é, ser reconhecido por outros homens, mas ser reconhecido enquanto homem, pois seu valor está estritamente ligado ao valor que os outros homens lhe atribuem. Portanto a importância desse desejo de reconhecimento, permite explicar que o homem procura o reconhecimento de sua própria dignidade ou daquela de seu grupo cultural, no qual ele investiu sua dignidade.” Assim Jaques d’Adesky (2000), justifica a luta do movimento negro no Brasil, “(...) que procura denunciar que apesar da instauração de um governo democrático, a sociedade não foi capaz de uma solução às desigualdades econômicas, (...) que são vítimas negros e índios”. Segue d’Adesky dizendo: “(...) A luta contra o racismo apresenta-se, então, como um ideal democrático de maior igualdade de condições, e também como um esforço visando ao reconhecimento de status e de dignidade, que passa pela partilha do poder e pelo igual acesso aos bens materiais e as posições de prestígio”. O que queremos? É exatamente isto que queremos, e é para isto que lutamos desde que fomos criminalmente colocados na diáspora. Somos filhos da luta, e exigimos o respeito às diferenças, sejam elas culturais ou fenotípicas do nosso povo. O que queremos? Queremos que a moça branca e cega, que simboliza a justiça, comece a enxergar. Para assim, poder se envergonhar de sua condescendência com a injustiça e a exclusão social, de que são vítimas homens e mulheres, de pele escura no Brasil. Queremos que a moça branca e cega que representa a justiça comece a enegrecer-se, para reparar a política de branqueamento e a política eugenista que ela mesma (a justiça brasileira) deu sustentação jurídica. O que queremos? Queremos um “outro mundo possível”, por que ele é possível, mesmo que os fatos desta perversa sociedade insistam em provar o contrário. O que queremos? Queremos que o Estado Democrático de Direito, seja realmente democrático e verdadeiramente de direitos, como fora um dia um recanto de luta e fartura, chamado Quilombo dos Palmares, onde moravam homens e mulheres, negros e não-negros de forma justa, igualitária e fraterna. O que queremos? Queremos a cidadania em toda sua plenitude. Queremos nos lambuzar nas delícias da vida, e responder pelos erros como indivíduos que somos sem rótulos preconceituosos. Queremos ver a diversidade étnica e cultural brasileira. Queremos dar ao Brasil, ao Estado, às universidades, às revistas e jornais, às empresas públicas e privadas, a cara negra e mestiça que escondem. A cultura africana e indígena que esnobam. A beleza negra que rejeitam. Para onde vamos? Vamos incansavelmente atrás de nossos sonhos, desejos e ideais. Mostrar a todos e a todas que acreditamos na mudança. Por que não acreditar na mudança desta sociedade, é não acreditar em nós mesmos, é abdicarmos de nossa inteligência e atuação política. É nos reduzirmos a condição animal, e principalmente, é não dar valor às lutas e conquistas dos nossos ancestrais. Para onde vamos? Vamos lutar como sempre lutamos. Chorar como já choramos. Perder como já perdemos e vencer como já vencemos. Vamos fazer a nossa parte, mesmo sabendo que diante “da força das coisas e das coisas da força”, parecemos parados, estáticos, imóveis. Para onde vamos? Vamos remar contra a maré. Pois sabemos onde estamos. Estamos num mundo de exclusão, sufocados por uma hegemonia política e econômica, asfixiados por uma ditadura estética, não condizente com a realidade populacional brasileira. Sabemos que o mundo está assim, mas não necessariamente precisa ser assim, como bem lembra o saudoso intelectual negro Milton Santos: “(...) de fato, se desejamos escapar à crença de que esse mundo assim é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como os fazem vê-lo: (...); o segundo seria o mundo como ele é: (...); e o terceiro o mundo como ele pode ser (...)”. Para onde vamos? Vamos ampliar as vitórias conquistadas. Vamos conquistar novos espaços, e vamos a busca de um mundo para todos e para todas. Só depende de nós, e estamos fortes, unidos, sabedores da importância de ações, e de momentos como estes que estamos vivendo hoje. Momentos que se desmarcara preconceitos disfarçados de conceitos. Que se descobre novos aliados. Que se fortalece guerreiros esmorecidos. Que se socializa conhecimentos para alicerçarmos a tão bem vinda vitória. Por isso falar do povo negro é falar de resistência, de luta e de superação. Resistência talvez possa até servir de sinônimo para nosso povo, haja vista sua sempre marcante presença. Por este motivo 20 de novembro é o dia de comemoração da Consciência Negra, onde lembramos o grande líder e Herói Nacional Zumbi dos Palmares, mas Consciência Negra temos todos os dias. Pois a polícia, e os seguranças das lojas, nos lembram que temos que ter Consciência Negra quando nos colocam preferencialmente nas “abordagem de rotina” e nos perseguem dentro dos estabelecimentos comerciais. Os empresários e empresárias nos lembram da necessidade diária de termos Consciência Negra quando para nos empregarem como vendedor, balconista, ou recepcionista pedem uma foto e “boa aparência”, isto é muito além do necessário pois para tal função apenas um bom currículo deveria ser o solicitado. A televisão brasileira que nos exclui ou nos apresenta sempre em posição inferior e subalterna ajuda a entendermos a necessidade da Consciência Racial cotidiana. Nossa invisibilidade nos cargos de chefia, nos Ministérios e Secretarias de Estado nos comprova e conclama que temos que ter Consciência Negra diuturnamente. Por fim, mas não menos importante, um pensamento que resume nossa visão de compromisso com a mudança e necessidade pela luta. “Não importa o que o mundo fez de você. Importa o que você faz com o que o mundo fez de você.” (Jean Paul Sartre) (*) Pronunciamento no Seminário “Ações Afirmativas E Reparações: A Questão do Negro Brasileiro”, promovido pelo Núcleo de Estudo e de Ações Afirmativas João Cândido, dia 13 de novembro de 2003, na Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre. (*) Bacharel em Direto pela PUC-RS, militante do Movimento Negro Unificado. FONTE: Carta Maior - http://cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=5868

25 setembro 2012

OBAMA OU MITT ROMNEY? (por Arnaldo Jabor)

Na época de Eisenhower, morei nos USA e estudei numa "high school" no coração da "América profunda", em Saint Augustine, Flórida, a cidade mais antiga do país. Era a época da "geração silenciosa" do pós-guerra. Foi nos "gloriosos" anos do racismo. Nunca tinha visto o 'reacionário' fundamental, básico, sólido. Lá, eu vi de perto o mundo psíquico dos republicanos. A Flórida tem mais direitistas que jacarés. Os republicanos típicos são filhos de um deus duro e implacável. As caras, as fuças típicas dos republicanos parecem dizer: "Não tenho dúvidas, não quero ouvir, já sei tudo, Deus me disse...!" Exatamente como os 'jihadistas' que querem bombardear. Depois, veio o Kennedy, moderno, com mulher chique, que governou até 63, quando uma bala virou sua bonita cabeça numa massa sangrenta. Ficou Lyndon Johnson, um medíocre vice democrata, pré-Nixon. Depois, o irmão Bob Kennedy, que certamente seria eleito, foi assassinado na frente das TVs do mundo todo em 68. Em seguida, tivemos o Nixon, que cai em 74, sucedido pelo frágil Jimmy Carter que preparou a chegada dos republicanos Reagan e Papai Bush, até a "era dourada" do Clinton, que acabou desmoralizada pelos lábios da Monica Lewinsky, histérica e republicana, no mais trágico "boquete" da história ocidental. Agora, diante das eleições próximas, olho Obama - homem raro, profundo, que aponta os melhores caminhos para a América - e me preocupo: será que os americanos vão reeleger um negro intelectual ? Será que ganha o racismo oculto, recôndito, a KKK na alma dos "wasps" e malucos dos "tea parties"? Digo isso porque vi o racismo americano de perto. Saint Augustine era uma cidade igual àquela do Truman Show. Os ritos sociais, os gestos cotidianos, os sorrisos e lágrimas, tudo parecia programado por uma máquina obsessiva. A vida e morte eram padronizadas: abraços gritados, torcidas histéricas no beisebol, alegrias obrigatórias, intensa religiosidade, tudo girando num carrossel de certezas absolutas. Só uma coisa estava fora da ordem: os negros. Era outra América dentro da cidade. No ônibus amarelo do colégio, eu via meus colegas louros, ruivos e brutos berrando contra os negros que passavam: "Hey, nigger, por que teu nariz é tão chato?" "Hey, nigger, por que teu cabelo é pixaim?" Os negros ouviam de cabeça baixa, o rosto torcido de humilhação, num ódio sufocado. Amontoavam-se no fundo dos ônibus, em pé, mesmo com os carros vazios, e moravam num bairro sujo de madeira e terra. Eu me espantava com aquela ausência total de compaixão, eu que vinha de babás negras me beijando. Os pobres segregados eram tristes, trêmulos e esfarrapados, obesos e deprimidos, com frágeis mulheres engelhadas e crianças assustadiças. Os brancos da cidade me amedrontavam, a violência dos alunos me assustava. Vi brigas de ferozes galalaus se arrebentando até o sangue no focinho e o desmaio, onde nem os diretores do colégio podiam interferir. Eu era um "nerd" comprido e meio bobo nos meus 15 anos e me chocava com as botas de caubóis marchetadas de estrelas de prata, com as facas de onde a lâmina pulava, os casacos de couro negro que já vestiam a "juventude transviada" - uma rebeldia reacionária e "republicana". O ídolo da época era Elvis Presley rebolando na TV. Pairava um clima de intolerância entre os próprios brancos; eram os fortes contra os fracos, as meninas bonitas contra as feias, as sérias contra as "galinhas" que eram comidas nos "drive-ins", dentro dos carros envenenados, os "hot rods", e depois cuspidas para a humilhação coletiva. As rivalidades eram vingativas e duras. Eu, turista tropical, tímido e fraco, provocava-lhes um respeito cauteloso por ser estrangeiro e os machões me poupavam porque eu lhes dava "cola" em "spelling", soletrando palavras de raiz latina para eles. Mas, existia no ar um perigo desconhecido; dava para sentir que a solidez de certezas, se rompida, provocaria um grave desastre. Eu navegava naquela cultura obsessiva e, bem ou mal, conseguira namorar Melinda Mills, pálida filha loura de um ex-marine que estivera no Rio e me mostrou um cartão-postal do Mangue com suas palmeiras, onde ele certamente conhecera a zona e as 'polacas'. Até que, um dia, chegou a notícia terrível: tinha subido aos céus o satélite russo, o Sputnik, girando como uma bola de basquete em órbita da Terra. Foi indescritível o pânico na cidade. Desde 49, com a explosão da bomba H pelos soviéticos, destronando a liderança dos destruidores de Hiroshima, os americanos esperavam outra catástrofe, que viria como um filme de terror tipo A Invasão dos Feijões Gigantes. Em minutos, a cidade parecia um campo de refugiados, de perdedores humilhados pelos comunistas no espaço. No colégio, começaram "fire drills" incessantes, alarmes evacuando os alunos para porões e abrigos atômicos. O então senador Lyndon Johnson berrou: "Brevemente estarão jogando bombas atômicas sobre nós, como pedras caindo do céu..." No alto, o satélite Sputnik humilhava os americanos, com seus "bip bips", soando como gargalhadas. A partir desse dia, os colegas passaram a me olhar de lado. Transviados e 'porradeiros' me investigavam com perguntas: "Que você acha? Teu país gosta dos russos?" Eu tremia e escondia minha vaga admiração pelo socialismo. Eles me olhavam desconfiados: 'Brasileiro, latino, sabe-se lá?' Depois disso, não me pediam mais 'cola'. O pai de Melinda, putanheiro do Mangue, mal me cumprimentou de sua poltrona esfiapada. Melinda ficou mais pálida e nosso namoro definhou. Por isso, hoje vejo o Obama, esguio, mulato, de elite, lutando contra o sutil 'racismo' que vai além da cor da pele. Esse 'racismo' está também na desconfiança do 'novo', do 'diferente', da distribuição de riquezas para todos. O mundo vai mudar. Obama ou Mitt? Quem dá mais? A inteligência que resiste à estupidez ou aqueles 60 milhões de idiotas que elegeram o Bush na fraude do século, na Flórida. Será que vão repetir tudo? Se Mitt ganhar, o mundo será derrotado. Fonte: OESP por Arnaldo Jabor | Em: 25 de setembro de 2012 às 3h 12
iDcionário Aulete

A principal função da educação é seu caráter libertador.

Educar não é repassar informações, mas criar um patrimônio pessoal.